GLÓRIA, HONRA E PAZ

“Glória, porém, e honra e paz a qualquer que obra o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego...”.

(ROMANOS, 2; 10)

Glória...

Louvar é mais do que exaltar qualidades.

É oferta de gratidão.

Reconhecimento da seiva que nos nutre:

Amor que vive do que doa e não do que recebe.

Honra...

Dignidade não dissimulada pelo orgulho.

É reconhecer no espelho da alma:

Somos divina feitura em imagem e semelhança.

Deus é Espírito, e não habita em templos de pedra.

Paz...

Hálito do Sublime, perfume do jardim celeste.

Árvore da vida.

Recanto e remanso.

Um voar sem asas.

  

  

Obrar o bem.

Ser cultivador e ceifeiro.

Não basta o chamado à vinha.

É preciso o labor na undécima hora.

O salário do obreiro é o júbilo de servir.

Primeiramente o judeu...

Chamados da primeira hora.

Zeladores do arcabouço matriz.

A lei, a justiça, a unidade da Criação.

O mandamento, o justo, o Sinai que não cessa.

E também ao grego...

Aliança que se estende.

Abraço que abarca sem tocar.

Conhecem e ouvem a Voz do Condutor:

Ovelhas de um mesmo aprisco.

SOBRE TODA ALMA

“Tribulação e angústia sobre toda alma do homem que obra o mal, primeiramente do judeu e também do grego...”.

(ROMANOS, 2; 9)

Tribulação e angústia...

Castigo, maldição?

Não se pode crer.

A simples imposição da pena não reforma o transgressor.

A penalidade restringe, mas não corrige.

Sem consequência, no entanto, onde há moralidade?

Se o bem e o mal se confundissem,

Qual seria a razão do bem?

O egoísmo estaria sancionado e faria lei.

A satisfação exclusivista seria a regra, e o amor minguaria.

Porém...

Sobre toda alma paira a Divina Sabedoria:

Norte, rota, bússola, caminho diretor.

Distantes dela, somos cegos guias de cegos.

Diante dela, somos filhos herdeiros da eterna vida.

Homem que obra o mal...

Opção ou fatalidade?

Se o mal fosse fatal, porque diríamos:

“Livrai-nos do mal”.

Homem insensato! Ousa pedir contas da sua escolha?

A verdade que do alto vem é imutável.

O engano é obra humana. Fragilidade de entendimento.

A cada qual o seu quinhão.

Primeiramente do judeu... (primazia na herança da Lei)

E também do grego... (partícipe da mesma aliança)

Diante de Deus:

Nem judeu, nem grego, nem escravo, nem liberto.

O Pai conhece a procedência dos seus filhos.

E pelo proceder nos é dado, e nos é cobrado...

Tal é a razão de ser: sobre toda alma.

OBEDECER

“Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade...”.

(ROMANOS, 2; 8)

Há desonra para o espírito:

Tornar-se indigno.

Indignação.

De Deus para com os homens:

Advertência que educa.

Há honra na Providência Divina:

Manifestação da sua ira.

Não da cólera humana...

Mas, da firmeza da sábia Lei.

A cada obreiro o seu salário.

Onde há contendas há contenciosos.

Invigilância... ausência do Amor.

Divergências multiplicam entendimentos.

Pensar igual é não pensar.

Tolerar é abraçar as diferenças.

Obediência e desobediência...

Verso e reverso.

Estar e se ausentar.

Deus nos homens ou homens sem Deus.

Obedecer não é cega concordância.

Obediência é a coragem da fé.

Reconhecimento de quem não se basta.

A iniquidade é a linguagem da insensatez.

Acima de nós, por nós e conosco...

A Verdade.

PERSEVERANÇA

“A saber: vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, honra e incorrupção...”.

(ROMANOS, 2; 7)

A saber...

Quem sabe informado está.

No entanto, não basta saber. É preciso compreender.

Saber é informar-se.

Compreender é aprofundar-se.

Mergulho em águas infinitas...

Infinitude: Vida eterna.

O prêmio da vitória sobre si mesmo.

Transpor os umbrais do perecível.

Vida quem não cessa.

Plenitude que há de vir:

Dom gratuito que do Alto vem.

Perseverança:

Per – através, por meio de.

Se – em si mesmo.

Verança – verdade conjugada a esperança.

Saber com as palavras...

Conhecer pra além da superfície.

Estar no bem é ajustar-se a nossa destinação.

Pode o eterno alimentar-se do mortal?

Pode a ilusão sombrear a luminosidade?

O centro da criação é o Criador.

A Lei gravita em torno da criatura para relembrá-la:

Intuição da queda...

Glória:

Não a própria, mas daquele que glorifica.

Honra:

À paternidade daquele que nos filia.

Incorrupção:

Resistir ao afastamento que corrompe.

Em tudo somos imagem. Espelho em que nos refletimos.

OBRAS

“O qual recompensará a cada um segundo as suas obras...”.

(ROMANOS, 2; 6)

O qual quem é?

Está em nós: paternidade divina.

E fora de nós: criação em progresso.

Deus perfeito, criaturas perfectíveis.

O Criador se faz presença através de sua Lei.

Imutável, pois irretocável.

Recompensas...

O que Deus ofertará para nós, que em nós já não esteja?!

O prêmio da justiça é ser justo.

Estar com a Lei é estar na presença de Deus:

Única recompensa que nos está reservada.

Quer o céu?

Comungue com a Lei, pois a Lei representa o seu Autor.

Teme o inferno?

Antes tema os demônios interiores que nos afastam do Pai.

Qual é sua obra?

Obras humanas são rascunhos de vaidade.

Obrar com Deus é fazer a sua vontade.

O mérito consiste na comunhão com o Pai.

A boa vontade reconhece que não nos bastamos.

Quem ou quê nos bastará?

Alguma criatura, homem ou anjo?

Alguma criação, céu ou sol?

Não. Toda obra reside no amor de Deus em nós.

Expressá-lo é o nosso chamado.

Com Deus aprendemos a corresponsabilidade na Criação...

Não sejamos pedintes, mas obreiros.

Sejamos Filhos para o Pai.

Como Ele é Pai para os Filhos.