domingo, 25 de maio de 2014

INTRODUÇÃO: EPÍSTOLA AOS ROMANOS





Obra prima dos escritos de Paulo, a epístola aos Romanos destaca-se entre os livros do Novo Testamento.

É um verdadeiro tratado sobre a salvação, em seu sentido mais amplo.

Paulo ditou esta carta por volta do ano 56 da era cristã, depois de ter concluído que a sua missão no Oriente do Império Romano tinha terminado. Tinha como intenção alcançar o ocidente. Ele precisava de um ponto de apoio na Itália. Em Roma já existia uma igreja composta em sua grande maioria por cristãos gentios (estrangeiros), e ele desejava ter o apoio deste núcleo que ainda não o conhecia pessoalmente.

À época estava diante de uma viagem para Jerusalém e pedia à igreja apoio espiritual.

Designou uma colaboradora cristã chamada Febe para ser a portadora de sua carta junto à assembleia de Roma. Pode-se dizer que este foi o primeiro documento oficial dirigido por um apóstolo de Jesus, com intuito de orientação espiritual, que chegou à Europa.

Na carta aos romanos há pilares básicos que precisam ser citados para a compreensão de seu conteúdo. Dentre eles podemos destacar:

- Todos os homens são pecadores (imperfeitos);

- Deus imputa a sua justiça pela fé;

- A imperfeição humana está representada em Adão, e a santificação está personificada em Cristo;

A justificação pela fé, a rejeição dos judeus, e inclusão (aceitação) dos gentios estão de acordo com as promessas de Deus em seu plano de resgate da humanidade em regresso para o seu Amor.

Deus nos prepara como o oleiro prepara os seus vasos de forma apropriada aos seus propósitos.

A soberania divina, no entanto, não anula a liberdade humana. Podemos escolher dentro dos limites impostos pelas consequências de nossas próprias escolhas. A vontade humana está em ativa participação influindo no destino espiritual de cada um.

A igreja não é o único campo de ação do cristão. Nem pode ser um esconderijo, ou um lugar de alienação. É necessário enxergar o mundo além dos limites do nosso grupo de irmãos; não para se deixar levar pelas coisas do mundo, os prazeres fáceis, a desobediência e a corrupção dos costumes, mas para desempenharmos nele (no mundo) nosso papel de cidadãos conscientes e ativos colaboradores de Cristo, preparadores do Reino dos céus dentro e fora de nós.

Deus não está ausente. O Criador intervém na história de acordo com a sua vontade e os seus desígnios, quando os tempos são chegados. Ilude-se o homem ao crer que tudo está entregue aos vãos desejos humanos. A resistência com a fé, e a paciência com a ação construtiva são as ferramentas de labor do cristão neste mundo.

A mensagem de Paulo na carta aos Romanos anuncia que Deus é quem dá a salvação, a dádiva da justiça, concedida a todos os que a recebem pela fé.

Nada nos separa do amor de Deus e de Cristo.

Para a conquista espiritual não há lugar para as vanglórias humanas, nem para a exigência de privilégios. A fé em Cristo abre ao homem o caminho para uma vida completa. Ninguém possui preferências em virtude de valor, herança, realização (obras exteriores), ou origem especial.

A ação conjunta do Espírito Santo faz acontecer na vida das pessoas aquilo que elas não podem fazer por si.

A Epístola aos Romanos é a reafirmação do poder restaurador do evangelho de Jesus para a iluminação dos homens.

 

OBS: Nas próximas postagens analisaremos, versículo a versículo, cada um dos 16 capítulos da Epístola do apóstolo Paulo aos Romanos.

domingo, 18 de maio de 2014

DA ILHA DE MALTA A ROMA




“(...) proclamando o Reino de Deus, e ensinando as coisas a respeito do Senhor Jesus Cristo, com toda franqueza, sem impedimento (...)”.

 (Atos, 28; 1-31).
 

Mesmo diante dos naufrágios e prisões da mente humana, anunciemos o evangelho com liberdade.



Depois do naufrágio, tendo sido salvos, aportaram Paulo e os tripulantes na ilha chamada Malta. Os estrangeiros demonstrando grande humanidade acolheram a todos, acendendo uma fogueira para aquecê-los. Quando Paulo juntou um monte de gravetos para colocar junto à fogueira, uma víbora agarrou-se na mão de Paulo. Quando os estrangeiros viram a fera pendurada na mão dele pensaram: “Sem dúvida este homem é um malfeitor que, tendo sido salvo do mar, a justiça não permitiu viver”. Paulo, no entanto, sacudiu a fera com a mão na direção do fogo, e não sofreu mail algum. Os estrangeiros, porém, aguardavam que Paulo viesse a inchar e a cair morto a qualquer momento. Depois de muito esperarem, vendo que nada de anormal acontecia, mudaram de opinião, e passaram a dizer que Paulo era um deus.

Havia naquele lugar um homem chamado Públio, chefe da ilha, que hospedeu a todos amigavelmente. O pai de Públio estava deitado, enfermo, com febres e disenteria. Paulo se aproximou dele e, orando, impôs as mãos sobre o homem e o curou. Depois de acontecer isto, outros homens enfermos da ilha vinham ao encontro de Paulo e eram curados. Eles prestaram honras a Paulo e as seus amigos, e ao navegarem novamente, os proveram com as coisas necessárias.

Três meses depois embarcaram em um navio alexandrino que parou na ilha. Aportaram em Siracusa, e ali ficaram por três dias. Depois, lançando âncoras chegaram a Régio. Após mais um dia, surgiu o vento sul, e no segundo dia chegaram a Puteóli, onde encontraram outros cristão que pediram, e Paulo e seus amigos ficaram por sete dias, e assim se dirigiram a Roma. Os irmãos dali, ouviram a respeito da chegada de Paulo e de seus companheiros e foram ao encontro deles  no Foro de Ápio e Três Tabernas. Paulo, quando os viu, deu graças a Deus e tomou ânimo. Quando Paulo entrou em Roma, foi-lhe permitido morar por conta própria, tendo um soldado que o guardava.

Três dias depois, Paulo reuniu alguns judeus renomados, e explicou-lhes a sua situação, porque estava preso, pelo anúncio que fazia de Jesus como o Messias, e da pregação da sua ressurreição. Os judeus ouviram Paulo, e argumentaram que que não tinham recebido da Judéia referências desabonadoras ao apóstolo, mas que desejavam ouvir da boca do próprio Paulo, a sua pregação, pois sabiam que os cristãos eram vistos com oposição por onde passavam. Após marcarem com ele um dia, vieram muitos até Paulo, para ouvi-lo na hospedaria, e apóstolo dava o testemunho do Reino de Deus, convencendo  a partir da lei de Moisés e dos Profetas, desde o raiar do dia até o entardecer. Uns eram persuadidos, outros não acreditavam no seu ensino. Despediram-se e Paulo repetiu diante deles as palavras do profeta Isaías que diz: “Ouvireis com os ouvidos, e não compreendereis; vendo, vereis e não enxergareis, pois o coração deste povo se tornou cevado, com ouvidos pesadamente ouviram, seus olhos se fecharam para que não vejam com os olhos, não ouçam com os ouvidos, não compreendam com o coração e se voltem para eu os curar”. Seja, portanto, concluia Paulo, do conhecimento de todos aqueles que o ouviam que esta salvação (palavra de esclarecimento), foi enciada às nações e eles não a ouvirão. Ditas estas palavras ouve grande debate entre os judeus.

Paulo permaneceu dois anos inteiros, na casa alugada em Roma, recebendo a todos que se dirigiam até ele, anunciando o Reino dos céus, e todas as coisas a respeito do Senhor Jesus Cristo, com toda a franqueza, sem impedimento.


Todo cristão com Cristo deve exercer o seu direito à liberdade, que lhe foi concedido por Jesus de anunciar a Boa Nova sem temor, com clareza e sinceridade. Comprometido com a verdade que emerge das Escrituras Sagradas de Moisés aos profetas, dos profetas ao Cristo, do Cristo aos seus apóstolos, e dos apóstolos a todo cristão que esteja disposto e perseverante no único caminho que o fará discípulo de Jesus: o muito amar.

Estes são os permanentes atos dos apóstolos.

domingo, 11 de maio de 2014

VIAGEM A ROMA: NAUFRÁGIO




“(...) Paulo, não temas! Importa que sejas apresentado a César, e eis que Deus te deu todos quantos navegam contigo (...)”.

 (Atos, 27; 1-44).
 

Diante dos inevitáveis naufrágios provacionais da existência tenhamos ânimo firme para prosseguir.



Determinou-se que Paulo e outros presos navegariam até a Itália. E foram entregues a um centurião chamado Júlio, da coorte augusta.

Embargados navegaram pelos lugares da costa da Ásia, estando com eles Aristarco, macedônio de Tessalônica.

Chegando no dia seguinte a Sidom, e Júlio, tratando Paulo humanamente, lhe permitiu que fosse ver os amigos.

Partindo dali, foram navegando para Chipre, porque os ventos eram contrários. Tendo atravessado o mar, ao longo da Cilícia e da Panfília, chegaram a Mirra, na Lícia. Encontrando um navio de Alexandria que navegava para a Itália, o centurião os fez embarcar nele.

Navegando muitos dias vagarosamente, chegando defronte a Cnido, não permitiu um vento irem adiante, prosseguindo abaixo de Creta, junto de Salmone. Chegando a um lugar chamado Bons Portos, perto da cidade de Laséia.

Passado muito tempo e já sendo perigosa a navegação, Paulo os alertava para os riscos da viagem. Mas, o centurião acreditava mais no piloto e no mestre do que em Paulo.

E partindo dali intentavam chegar a Fênice, que é um porto de Creta.

Soprando o vento sul brandamente, fazendo-se de vela, o navio costeou Creta. Mas não muito tempo depois um novo vento arrebatou o navio, e não tendo como navegar contra o vento, correu-se abaixo de uma ilha chamada Clauda. E levados para cima, temendo darem à costa na Sirte, amainaram as velas e foram à toa.

Andando agitados por uma veemente tempestade, aliviaram o navio no dia seguinte. E ao terceiro dia, lançaram com as próprias mãos a armação do navio ao mar.

Não aparecendo há dias, nem sol nem estrelas, e caindo uma grande tempestade, viram-se sem esperança de se salvarem.

Já há muitos dias sem comer, Paulo advertiu que se o tivessem ouvido não teriam ido a Creta, evitando os perigos em que se encontravam. Mas, consolava-os, pedindo para que tivessem confiança, pois nenhum deles se perderia, a não ser o navio.

Paulo revelou que naquela mesma noite um anjo de Deus lhe dissera isto. Que a viagem seria concluída, e que nenhum dos tripulantes pereceria.

Na décima quarta noite, impelidos de uma para a outra banda do mar Adriático, lá pela meia-noite, suspeitaram que estavam próximos de alguma terra. Lançaram o prumo e acharam dez braças, e mais adiante lançaram novamente o prumo e acharam mais quinze braças.

Temendo bater nos rochedos, lançaram da popa quatro âncoras, e desejavam que viesse o dia.

E como já era o décimo quarto dia, e ainda não tinham comido, Paulo os exortava a alimentarem - se, confirmando que nem um cabelo cairia da cairia de nenhum deles.

E, dito isto, repartiu o pão, deu graças a Deus na presença de todos, e começou a comer.

E eram ao todo no navio duzentas e setenta e seis almas.

Refeitos com a comida, aliviaram o navio, lançando o trigo ao mar. E já sendo dia, não reconheceram a terra, enxergaram, no entanto, uma enseada que tinha praia e consultaram-se para encalhar nela o navio. Levantaram âncoras, lançaram-nas ao mar, e também as amarras do leme, e alçando a vela, dirigiram-se para a praia. Encalharam o navio, fixaram a proa, mas a popa se abria com a força das ondas.

Os soldados tiveram a ideia de matar os presos para que nenhum fugisse, escapando a nado.

O centurião querendo salvar a Paulo convenceu os soldados a não matarem os presos. Que os que pudessem nadar se lançassem primeiro ao mar e se salvassem em terra. E os demais, uns em tábuas, outros em coisas do navio.

E desta forma aconteceu, e todos chegaram a terra, a salvos.

 

Entre provas e tribulações somos convocados a atravessar o mar das aflições para aportarmos na terra segura da paz do Cristo, que nos consola, orienta e renova; fazendo das tempestades e naufrágios da vida, tábuas de salvação pela fé que opera pelo amor.

domingo, 4 de maio de 2014

PAULO PERANTE AGRIPA



“(...) Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Bem sei que crês. (...)”.
 (Atos, 26; 1-32).


Anunciar o evangelho perante os reis da terra é convocá-los às responsabilidades diante de Deus.



No auditório diante dos tribunos e principais da cidade, do presidente Festo e do rei Agripa, Paulo responde a permissão do rei para que se defendesse das acusações que lhe foram feitas pelos judeus sobre a sua pregação acerca do Cristo ressuscitado:

“Alegre estou rei Agripa por poder defender-me perante ti de todas as acusações que fazem os judeus. Em sei que conheces todos os costumes e questões judaicas. Rogo que me ouça com paciência.”

“A minha vida tem sido desde o princípio, em Jerusalém, entre os da minha nação, e todos judeus a sabem. Conforme a mais severa seita da nossa religião. Vivi fariseu.”

“E agora pela esperança da promessa feita por Deus aos nossos pais, aqui estou para ser julgado. Esperança à qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus de noite e de dia, e pelo cumprimento desta esperança, Rei Agripa, sou acusado pelos judeus!”

“Pois, julga-se coisa incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?”

“Bem o sei que contra o nome de Jesus, o nazareno, eu mesmo pratiquei muitos atos, em Jerusalém. Tendo recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei nas prisões muitos dos santos, e quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles.”
 
“Eu os castigava por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido contra eles, os persegui nas cidades vizinhas”.
 
“Indo a Damasco, com poder e comissão dos principais dos sacerdotes para isto, ao meio dia, vi, ó rei, uma luz do céu que excedia o esplendor do sol, cuja claridade envolveu a mim e aos que comigo iam”.
 
“E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Duro é para ti teimar contra os aguilhões!”
 
“E disse eu: Quem és, Senhor? E a voz respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues”.
 
“Levanta-te e põe-te sobre os teus pés, porque te apareci para isto, para te pôr como ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto, quanto daquelas pelas quais te aparecerei ainda. Livrando-te deste povo e dos gentios, a quem agora te envio, para lhe abrires os olhos e das trevas os converteres à luz, afim de que recebam à remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em mim.”
 
“Pelo que não fui, ó rei Agripa, desobediente à visão celestial. Anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento. E por causa disto, os judeus lançaram mão de mim no templo, e procuravam me matar.”
 
“Mas, o socorro de Deus me alcançando, permaneço dando testemunho tanto a pequenos, quanto aos grandes, não dizendo mais do que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer, isto é, que o Cristo devia padecer, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, anunciando isto ao povo e aos gentios”.
 
Ouvindo isto, o governador Festo, disse em alta voz: “Estás louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar!”
 
Ao que o apóstolo respondeu: “Não deliro, ó potentíssimo Festo! Antes, digo palavras de verdade e de um são juízo. Porque o rei, diante de quem falo com ousadia, sabe de todas estas coisas, porque ele bem as conhece”.
 
“Crê tu nos profetas, ó rei Agripa? Bem sei que crês”.
 
O rei, perturbado com aquelas palavras de Paulo, respondeu: “Por pouco me queres convencer a ser cristão!”.
 
Conclui Paulo: “Quisera Deus, que por pouco ou por muito, não somente tu, rei Agripa, mas todos quantos hoje estão ouvindo, se tornassem cristãos, tal qual eu sou, exceto as algemas”.

Ouvindo isto, levantaram-se o rei, o presidente Festo, e Berenice, e os que estavam com eles assentados. E saindo dali, diziam uns com os outros: “Este homem não é digno de morte ou prisões”.
 
E o rei Agripa comentou com Festo que bem podia soltar aquele homem, se não houvera apelado para César.


O testemunho cristão é o ousado anúncio de que a vida venceu a morte. Levantar os homens do sepulcro das paixões humanas e revelar-lhes a salvação eterna que alcançamos por meio do Cristo Jesus é a mensagem de ontem e de hoje, até a consumação dos séculos.