domingo, 25 de agosto de 2013

ENTRE A SEGUNDA E A TERCEIRA VIGÍLIAS




“(...) Bem aventurados aqueles servos, a quem o Senhor achar vigiando, quando vier; em verdade vos digo que ele se cingirá, os fará sentar à mesa, e chegando-se, os servirá”.

 (Lucas, 12; 35-40).

A parábola do servo vigilante nos ensina a ter atenção permanente diante dos nossos deveres.



Entre a noite e a madrugada...

Estejai cingida vossa cinta e acessa vossa lâmpada.

Estejai vigilante!

Não tarda a vinda do Senhor.

Zelai pelo depósito que vos fora confiado, pois Ele voltará das bodas e baterá à porta.

Haverá servo acordado para abri - lá?

 

Entre a noite e a madrugada...

O Suserano tornar-se-á vassalo, o fará sentar à mesa, e o servirá.

Seja na segunda ou na terceira vigílias, bem aventurado o vigilante!

Estejai aprumado, pois como um ladrão que rompe porta adentro, vem o Senhor.

E deixaria o dono da casa arrombar a porta se estivesse no aguardo?

 

É tempo de transição...

A desídia abate o crédito do operário.

Lesa o interesse do Senhor que o remunera.

O salário da incredulidade é a ausência de sentido.

O vigilante não reclina no leito de candeia apagada.

Tudo suporta, crê, silencia e espera.

 

Entre a noite e a madrugada...

Como a descida das chuvas, a sucessão dos dias, a alternância do frio e do calor, o soprar dos ventos e o luminar das estrelas, certa é a vinda do Senhor.

Entre a segunda e a terceira vigílias: Venha!

O vigilante o espera.


domingo, 18 de agosto de 2013

INSENSATA AVAREZA


A parábola do rico insensato – Rembrandt, 1627.



“(...) Insensato, esta noite te exigirão a tua alma; e as coisas que ajuntaste para quem serão?”.

 (Lucas, 12; 16-21).
 

A parábola do avarento nos esclarece sobre as armadilhas do apego.
 
 
Castelos no ar...
Produziam muitos frutos as terras de um homem rico:
Benção, que sugere partilha.
“Que hei de fazer?” – indaga o rico homem, pondo em dúvida a evidente certeza.
“Não tenho onde recolher os meus frutos, pois cheios estão os meus celeiros” – ignora que a fartura é empréstimo, e não um privilégio.
Decide derrubar os celeiros que tinha e construir maiores para guardar toda sua colheita e bens.
(Reter é usurpar o direito de muitos).
E onde está o próximo que não o vejo?
(A avareza faz cego o olho que vê, sem enxergar).
“Minha alma, tens muito bens em depósito para largos anos” – ensaia o homem rico um diálogo com a alma (Eu, que de mim me oculto).
Alma...
Dela se apartara. Como se diante dela um anônimo fosse.
O que a ela oferece? Bens em depósito...
“Descansa, come, bebe e regala-te”- eis o mote do homem rico.
Miserável riqueza, esta!
Ostenta o que não lhe pertence, embora seja o depositário.
Infiel depositário...
O Senhor dos frutos, dos celeiros, da colheita, do depósito, dos bens, conclama: “Esta noite exigirão tua alma. Para quem, o que ajuntaste?”.
O que apresentarei diante do meu Senhor? – aflige-se o homem rico.
 - “Bens em depósito, a Ele pertence. Bens do espírito? Não os reconheço”.
O que era fartura fez-se penúria.
A pena da avareza é a plena ausência de si mesmo.
 
 

domingo, 11 de agosto de 2013

BOAS DÁDIVAS



“(...) Qual de vós é o pai, que, se o filho pedir um peixe, lhe dará em vez de peixe uma serpente? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?”.

 (Lucas, 11; 5-13). 

A parábola do amigo importuno nos remete a perseverança, e ao auxílio espiritual que sempre se faz presente.



À meia – noite batem-lhe a porta:

“Três pães para um amigo, pois chegou de viagem, e nada tenho para lhe oferecer”.

Ah, amigo importuno!

Se a porta está fechada, e alta já é a noite, porque insiste em chamar?

Não vê que incomoda a mim e a minha família?

Precisamos descansar!

Insiste o amigo:

“Três pães para um amigo, pois chegou de viagem, e nada tenho para lhe oferecer”.

O amigo pede ao amigo por outro amigo.

E não é a amizade um apelo raro neste mundo?

Ignorá-la seria rebaixar - lhe o sentido.

Ainda que seja pela importunação: atenda-o!

A perseverança no pedido é prova da confiança que não vacila.

A amizade num outro plano...

“Pedi, dar-se-vos-à; buscai, e achareis; bateis e abrir-se-vos-à”.

Pede, recebe. Busca, acha. Bate, e se abre.

Peço peixe. Receberei serpente?

Peço ovo. Receberei escorpião?

Peço pão. Receberei pedra?

Ainda que na maldade sabei dar boas dádivas, quanto mais o Pai Celeste...

Um bom Espírito vos será dado!

Consolo, esclarecimento, lucidez...

Boas dádivas!

Ao Espírito bom a primazia.

Conosco está. Estejamos com Ele.

Batei à porta a qualquer hora do dia ou da noite.

A resposta não tardará.

domingo, 4 de agosto de 2013

FAZE ISSO E VIVERÁS




"O Bom Samaritano", pintura de George Frederic Watts (1904).
 


“(...) Que é o que está escrito na lei? Como lês tu?”.

 (Lucas, 10; 25-37).
 

A parábola do bom samaritano é um convite à empatia. 
 
 
Quem é o meu próximo?
Descia um homem de Jerusalém a Jericó...
Caiu nas mãos de salteadores.
Deixaram-no despido e ferido, quase morto.
 
Por aquele caminho descia um sacerdote.
Passou ao largo...
Por aquele caminho descia um levita.
Passou ao largo...
 
De viagem passava um samaritano.
Teve compaixão...
Atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho.
Levou-o a hospedaria e o tratou.
 
Um samaritano...
Sim, um samaritano!
Conhece a lei? Aceita os profetas?
Provável que não.
 
Onde o sacerdote? Onde o levita?
O fato: a parábola é do samaritano!
Dois denários ao hospedeiro para tratá-lo em sua ausência.
O excedente será pago na volta.
 
O sacerdote e o levita: amam a abstração, não a realidade.
O samaritano: Ama o próximo e com ele se identifica.