domingo, 29 de dezembro de 2013

SIMONIA




“(...) E Simão, vendo que pela imposição de mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro...”.

 (Atos, 8; 1-40). 
 

    O episódio da repreensão a Simão, o mago é importante alerta contra qualquer forma de comercialização da fé.
 
Comandada por Saulo, o doutor da lei, houve uma grande perseguição em Jerusalém aos discípulos de Jesus logo após a morte de Estêvão. E eles foram espalhados pelas terras da Judéia e da Samaria, exceto os apóstolos.
Filipe desceu à cidade de Samaria, e anunciava a palavra por toda parte. Espíritos perversos eram afastados de muitos que os tinham, e paralíticos e coxos eram curados.
E estava por aquelas terras um homem chamado Simão, que havia exercido em Samaria a atividade de mágico, iludindo muita gente. E vendo que o povo cria na palavra anunciada por Filipe, e como eles se batizavam, Simão também aceitou o batismo, e ficou, desde então junto com Filipe, e assistia as maravilhas que Deus fazia por meio dele.
Os apóstolos que estavam em Jerusalém ouvindo sobre a recepção da Samaria a palavra de Filipe, enviaram para lá Pedro e João.
Pedro e João oravam por aqueles que haviam recebido o batismo, pois nenhum deles havido recebido o Espírito Santo.
E Simão vendo que pela imposição de mãos dos apóstolos era dado o Espírito, ofereceu dinheiro com a intenção de ter também aquele dom.
Pedro o repreendeu: “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus”.
Pedro pede para Simão que ele se arrependa para que fosse perdoado o mau pensamento do seu coração.
Alerta precioso aos cristãos da atualidade:
A fé é dom de Deus. Não se compra e não se vende.
A graça divina se manifesta apenas nos corações sinceros.
 
Recebendo Filipe a orientação do anjo do Senhor, ele partiu para o caminho que desce de Jerusalém para Gaza.
E eis que um homem etíope, eunuco, superintendente da rainha fora a Jerusalém para adoração. Regressava em seu carro, e assentado lia o profeta Isaías.
E disse o Espírito a Filipe: “Chega-se e ajunta-te a esse carro”.
Filipe correu, ouviu a leitura do eunuco e perguntou a ele se entendia o que estava lendo. O eunuco lia a passagem que relatava que a ovelha fora levada ao matadouro, e que o cordeiro estava mudo diante daquele que o tosquia.
Filipe pediu permissão, subiu no carro, e respondendo a pergunta do eunuco sobre de quem falava o profeta Isaías, Filipe anunciou Jesus àquele homem.
Chegaram com o carro a um recanto com água, e o eunuco pediu para ser batizado. Filipe diz ao homem que o seu pedido era lícito, se ele cresse de todo o coração.
O eunuco responde que cria que Jesus é o Filho de Deus.
A fé deve ser ato consciente e de espontânea sinceridade.
Pararam e desceram do carro, e Filipe batizou o eunuco.
Quando ambos saíram da água, o Espírito arrebatou Filipe, e o eunuco não mais o viu...
Filipe foi levado para Azoto, e por lá também anunciou o evangelho em todas as cidades, até chegar a Cesaréia.
 
E o dom gratuito de Deus permanecia com ele.
Dom que não se compra e não se vende.
E que o Espírito reparte como e quando o quer...
 
 

domingo, 22 de dezembro de 2013

MARTÍRIO DE ESTÊVÃO




“(...) Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido; vós sempre resistis ao Espírito Santo...”.

 (Atos, 7; 1-60).
 

O martírio de Estêvão demonstra a coragem da fé, expressa no sacrifício da própria vida, em nome do evangelho.
 

Estêvão pede a palavra diante do Conselho da sinagoga...
Descreve brilhantemente a trajetória dos judeus de Abraão ao Messias.
Os principais do templo estão perplexos com a autoridade moral daquele discípulo de Jesus...
“Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? Diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?”
“Porventura não fez as minhas mãos todas estas coisas?”
Não há autoridade humana que resista à Providência Divina.
Afinal... O que seria da criatura sem o seu Criador?
A verdade, uma vez revelada, desnuda toda hipocrisia.
“A qual dos profetas não perseguiram vossos pais?” – indaga Estêvão ao Conselho.
A história se repete em seus ciclos na contagem do tempo...
Mataram os profetas que anunciaram a vinda do Justo, e foram os traidores e homicidas deste mesmo Justo, ao renegarem o seu nome.
Os principais do templo ficaram enfurecidos com as palavras de Estêvão.
Cheio do Espírito, fixando os olhos no céu, Estêvão, em êxtase, anuncia a sua visão: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus”.
Fora a gota d’ água...
Gritaram os principais do templo, taparam os seus ouvidos, indignados com a audácia de Estêvão e lançaram-se contra ele.
Estêvão foi expulso da cidade, e o apedrejavam.
As testemunhas da covarde cena depuseram suas roupas aos pés de um jovem doutor da lei chamado Saulo, que a tudo presenciara e consentira.
E apedrejaram Estêvão sem piedade...
Em invocação, disse o martirizado discípulo:
“Senhor Jesus, recebe o meu espírito”.
“(...) Senhor, não lhes imputes este pecado”.
 
A história se repete em seus ciclos na contagem do tempo...
 
Não foram estas as palavras do Cristo no Calvário?
Lucas, 23; 34 e 46:
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.”
“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”.
 
E, tendo dito isto, expirou Jesus.
E, tendo dito isto, adormeceu Estêvão.

 
 

domingo, 15 de dezembro de 2013

DIÁCONOS




“(...) E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos (...)”.

 (Atos, 6; 1-15).
 

A instituição dos diáconos no cristianismo nascente surgiu da necessidade de melhor e bem servir.


“Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas”.
 

 Esta era a preocupação legítima dos apóstolos ao perceberem que o trabalho de evangelização e assistência se avolumava, e que se tornava necessário melhor distribuir as tarefas.

Sugerem os apóstolos que a comunidade cristã elegesse, dentre eles, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria para constituir diáconos para à assistência.

Atentem para os requisitos da escolha: boa reputação, cheios do Espírito Santo e sabedoria.

A boa vontade não basta. Necessário se faz o comprometimento. E somente se compromete, quem se esforça em viver a mensagem que crê.

Aos apóstolos caberiam as tarefas espirituais de oração e ensino das Escrituras.

Aos diáconos à assistência material aos necessitados, a organização interna da assembleia, além do testemunho da fé pela palavra e pelo exemplo.

Eleitos: Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau.

Diácono significa: servidor, auxiliar, ministro, ajudante.

 

Dentre eles, Estevão, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.

Não tardou a chamar a atenção dos cireneus e dos alexandrinos, que pertenciam à sinagoga e invejavam Estevão.

Queriam disputar em palavras com ele.

Mas, não podiam resistir diante da sabedoria e do espírito com que falava.

Como os falsos religiosos se livrariam de Estevão?

Ora, pelas velhas artimanhas de sempre: mentira, suborno, calúnia...

Pagaram para que alguns homens desonestos falassem que Estevão proferia palavras contra a Lei de Moisés e contra Deus.

Estevão foi preso, e levado diante do conselho da sinagoga judaica.

Testemunharam falsamente contra ele, dizendo que afirmava que Jesus destruiria o templo e mudaria os costumes que Moisés transmitiu.

A mentira, por ser mentira, testemunha falsamente. Mas, Deus conhece o fundo dos corações...

Pretensamente em posição superior, os que estavam assentados no conselho fixaram os olhos em Estevão, e viram o seu rosto como o rosto de um anjo.

A verdade transparece na paz de espírito...

Eis, o princípio do diaconato:

Sirvamos às mesas...
 

“... qualquer que, entre vós, quiser ser grande, será vosso serviçal; e qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro, será o servo de todos”.
(Jesus - Marcos, 10; 43-44)

domingo, 8 de dezembro de 2013

O CONSELHO DE GAMALIEL




“(...) se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la (...)”.

 (Atos, 5; 1-42).
 

A sábia orientação de Gamaliel, diante do conselho judaico, é um norte seguro para definir o que está sob a tutela divina.
 
 
“Não mentistes aos homens, mas a Deus”.
 
Ananias e Safira venderam uma propriedade. Ananias reteve parte do preço da venda, e sua mulher Safira, ficou sabendo disto.
Ananias levou a parte não retida e a depositou aos pés dos apóstolos.
Pedro intuiu a mentira de Ananias, e o advertiu que não precisava fazer isto, uma vez que se não vendesse a propriedade ela permaneceria sob a sua posse, e que vendida, ainda estaria em seu poder. Por que mentir? Enganar a quem?
Ananias tomado por um mal súbito caiu e expirou.
Quase três horas depois, Safira, mulher de Ananias veio ao encontro dos apóstolos, sem saber ainda da morte do seu marido. Pedro perguntou sob o preço de venda da propriedade, e ela confirmou a mentira de seu marido. Pedro revela o que acontecera a Ananias e prediz que o mesmo se daria, em instantes, com ela.
Safira caiu aos pés de Pedro, e também expirou.
 
“Mas, de noite, um anjo do Senhor abriu as portas da prisão...”.
 
O povo tinha os apóstolos em grande estima, e a multidão dos que criam no Senhor aumentava a cada dia.
O sumo sacerdote e os saduceus tomados por inveja lançaram mão dos apóstolos e os lançaram na prisão.
Mas... um anjo! Sim, um anjo corporificado veio à noite, abriu as portas da prisão, os tirou para fora, e os enviou ao templo para continuar a ensinar ao povo.
A quem pertence à obra de Deus? 
 
“... para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus”.
 
O capitão do templo e os principais dos sacerdotes sabendo da fuga dos apóstolos da prisão estavam perplexos, pois os servidores encontraram o cárcere fechado, e os guardas às portas.
Informados de que estavam os apóstolos a ensinar novamente no templo, o sumo sacerdote enviou o capitão com os seus servidores para os trazerem diante do conselho.
Repreendidos pela insistência em anunciar o nome de Jesus à multidão, responde Pedro que mais importava obedecer a Deus do que aos homens.
Os sacerdotes se enfureceram e deliberavam matá-los.
E eis, que surge a admirável figura de Gamaliel.
Fariseu, doutor da lei, venerado por todo o povo, Gamaliel pertencia ao conselho judaico e ordenou que levassem os apóstolos dali, para que pudesse falar aos demais sacerdotes.
E o conselho de Gamaliel é lição de sabedoria, aplicável às diversas situações da vida:
“... se a obra é de homens se desfará, mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la”.
Só entende quem distingue.
Só distingue quem reflete.
Só reflete quem busca a sabedoria divina.
E diante da sabedoria divina os desejos humanos se anulam.
 
 
 

domingo, 1 de dezembro de 2013

PERANTE O SINÉDRIO




“(...) Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina”.

 (Atos, 4; 1-37).
 

A oposição do Sinédrio diante de Pedro e João, e a comunidade dos primeiros cristãos são o verso e o reverso, na relação entre os templos humanos e a igreja de Cristo.



Pedro e João falavam ao povo...

Sacerdotes, capitão do templo, e saduceus doíam-se muito de que os apóstolos anunciassem Jesus à multidão.

Encerraram Pedro e João na prisão.

No dia seguinte, em Jerusalém, reuniram-se os principais, os anciãos, os escribas, e o sumo sacerdote e todos os da sua linhagem para interrogar os apóstolos.

Questionaram com que poder e em nome de quem curaram o homem coxo de nascença.

“(...) Jesus Cristo, o nazareno...” – respondeu Pedro, que tomara a palavra perante o Sinédrio.

A pedra rejeitada pelos edificadores fora posta por Deus como cabeça de esquina. E nenhum outro nome há, entre os homens com tal autoridade, debaixo do céu.

Pedro e João... homens sem letras, indoutos.

Perante o Sinédrio... surpreenderam e calaram os sacerdotes.

Como negar o fato? O coxo curado estava diante deles, a multidão testemunhara o acontecido, e Pedro e João anunciavam com ousadia o nome de Jesus como o autor daquela cura por intermédio deles. O que fazer? Como contê-los? – exasperavam-se os sacerdotes.

“... Ameacemo-los para que não falem mais nesse nome a homem algum” – infantilmente intentavam os principais do templo.

“(...) Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus. Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” – responderam Pedro e João.

Não tendo motivo para castigá-los os principais do templo os deixaram ir.
 

Enquanto isto, entre os cristãos...
 

“E era um o coração e a alma dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mais todas as coisas lhes eram comuns”.

 

Verso e reverso do propósito de Deus:

Nos templos humanos: disputa de poder.

Na igreja de Cristo: exercício da caridade.

E diante dos homens, um só nome: Jesus.