“Disse então Maria: Eis
aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo
ausentou-se dela.” (Lucas 1; 38)
*Citações textuais:
“Poema do Menino Jesus”, do escritor português Fernando Pessoa (1888 – 1935).
* “Num meio-dia de fim
de primavera eu tive um sonho como uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à
Terra.
Ele veio pela encosta
de um monte, mas era outra vez menino, a correr e a rolar-se pela erva. A
arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a ouvir-se de longe.
Ele tinha fugido do
céu...”
Faço um pedido ao leitor. Imagine que o menino Jesus veio
visitá-lo, hoje.
Esteja você, neste momento, em sua casa, no trabalho, no
automóvel, em uma fila ou sala de espera, não importa. Pense que o menino Jesus
lhe faz companhia.
O que diria a ele? Trataria-o como a uma criança? Ressaltaria a sua formosura? Incentivaria
suas travessuras?
Eu, também, imagino a visita do menino.
Talvez fizesse perguntas. Estaria ansioso por suas respostas.
Mas, ansiar respostas de uma criança? (Ora, os adultos é que devem guiar as
crianças... Será?)
Observaria sobretudo os gestos...
* “A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar para as
coisas. Ele me aponta todas as cores que há nas flores e me mostra como as
pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas.
Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo que
nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois com um acordo íntimo, como a
mão direita e a esquerda.”
Com o menino Jesus ao meu lado descobri que o Natal não é uma
data fixa no calendário anual a indicar a necessidade de presentes e
festividades. Descobri que não há presente e festa mais importante do que este
encontro. Eu e o menino Jesus.
Ao encontrá-lo, me senti também criança. Pois, ele não me
falava por meio de parábolas, não sentenciava leis divinas. O menino com
graciosidade me convidava para apreciar a vida, a vida ao redor. Não me falava
da vida futura. Nem relembrava o passado ausente. O menino sugeria a celebração
da vida presente.
Não importava aflições, sofrimentos, angústias. O sorriso do
menino me consolava, e a sua presença me fazia sorrir, sem pressa, sem desconfiança,
sem temor...
* “Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de
noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de perna pro ar, põe uns por cima dos
outros, e bate palmas, sozinho, sorrindo para os meus sonhos.
Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança; o menor,
pega-me tu ao colo, leva-me para dentro da tua casa. Deita-me na tua cama.
Despe o meu ser, cansado e humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu
tornar a adormecer, e dá-me sonhos teus para eu brincar.”
Desejo ao leitor que o menino Jesus vá visitá-lo. A mim, a
sua presença tornou-se, desde então, imprescindível.
Quero repousar em sua nuvem, brincar em sua estrela, e viajar
em seu raio solar.
Quero o Natal, nascimento, a perdurar o ano inteiro.
Renasço, com Jesus menino...