domingo, 24 de novembro de 2013

NEM PRATA, NEM OURO...



“(...) Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o nazareno, levanta-te e anda”.

 (Atos, 3; 1-26).

 
A cura do coxo de nascença ressalta o verdadeiro tesouro do discípulo: a fé em Jesus Cristo.


À hora nona...

Quinze horas.

Simão Pedro e João subiram juntos ao templo de Jerusalém para orar.

Na porta do templo, chamada Formosa, todos os dias era levado um homem coxo de nascença para pedir esmolas àqueles que adentrassem no recinto.

O coxo avista Pedro e João e lhes pede uma esmola.

Na hora marcada, o encontro predito.

Ocasião para a graça divina.

Pedro e João fixam o olhar sobre o homem coxo, e lhes pede correspondência: “Olha para nós”.

O homem coxo encontra o olhar de Pedro e João, mas espera, em sua miserável condição de pedinte, receber a moeda material.

Outra seria a divisa ofertada...

Pedro é o porta voz da cura. Nem prata, nem ouro possuíam os apóstolos, mas dariam ao coxo, o que a eles, de fato, pertencia: “(...) em nome de Jesus Cristo – levanta-te e anda!”.

“Em nome de Jesus, o nazareno”: a fé.

“Levanta-te e anda”: a graça.

Pedro toma o homem pela mão direita, e o auxilia a pôr-se de pé. Pés e artelhos se firmam.

O homem salta, coloca-se em pé, anda e entra no templo, agradecendo a Deus.

O povo que conhecera o homem, que por muitos anos estivera à porta do templo, na situação de coxo pedinte, agora admira vê-lo andar, saltar, movimentar-se sem qualquer embaraço. Ficaram pasmados e assombrados com a cura.

Junto ao alpendre (terraço) chamado de Salomão, Simão Pedro toma para si a palavra, e discursa, para a multidão, que atenta o ouve falar acerca de Jesus Cristo.

A cura fora mais um chamado.

Ocasião para o ensino.

“Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades”.

A multidão coxa de entendimento era chamada a levantar e andar nas vias do amor divino.

domingo, 17 de novembro de 2013

SOBRE TODA CARNE




“(...) E, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados”.

 (Atos, 2; 1-47).
 

A manifestação no dia de pentecostes é o cumprimento da promessa de Jesus sobre a vinda do Espírito para inspirar a cristandade.



Cinquenta dias depois da Páscoa...

Sete dias depois da ascensão de Jesus...

Tradicionalmente, a festa da colheita.

Estavam os apóstolos reunidos no cenáculo de Jerusalém, quando, de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, que encheu toda a casa.

Avistaram a manifestação de línguas repartidas, como que de fogo, que repousaram sobre a cabeça de cada um deles.

Cheios do Espírito começaram a falar em outras línguas (fenômeno metapsíquico também conhecido como xenoglossia – falar línguas estrangeiras, sem conhecimento consciente dos idiomas).

E a multidão se espantou ao ver os apóstolos falarem em suas próprias línguas.

Partos e medos, elamitas e mesopotâmicos, os da Judéia, da Capadócia, e Ponto, e Ásia, Frígia, Panfília, Egito, partes da Líbia, junto a Cirene, forasteiros romanos, cretenses e árabes.

Maravilhados e suspensos ouviam os apóstolos anunciar a grandeza de Deus.

Havia (sempre há) aqueles que zombavam, crendo que os apóstolos estavam embriagados.

Simão Pedro, pondo-se de pé, levantou a voz, e esclareceu a multidão.

Tratava-se do cumprimento da profecia de Joel e da promessa de Jesus: Deus derramaria de seu Espírito sobre toda carne, filhos e filhas profetizarão, jovens terão visões e velhos sonharão sonhos...  

Dons do Espírito...

Quem os limitará?!

Aqueles que os aceitaram (e foram quase três mil naquele dia) perseveraram na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, no partir do pão, e nas orações.

E todos os que criam juntos estavam e tudo tinham em comum.

“... Com alegria e singeleza de coração...”.

domingo, 10 de novembro de 2013

APÓSTOLO PÓSTUMO





“(...) E lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E, por voto comum, foi contado com os onze apóstolos”.

 (Atos, 1; 1-26).
 

A escolha de Matias para recompor o grupo dos apóstolos ensina sobre a insensatez das disputas e personalismos.
  

“Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício”
– (Salmos 109, 8).
 
Pedro levanta-se no meio de uma multidão de quase cento e vinte pessoas, e toma a palavra diante dos discípulos. Assevera que convinha que as Escrituras fossem cumpridas acerca de Judas Iscariotes, que guiara àqueles que prenderam Jesus.
Judas faliu em sua tarefa, entregando-se as sugestões da iniquidade.
Adquiriu como prêmio de sua traição, um campo, que era chamado de Acéldama, que quer dizer, campo de sangue. Nele precipitou- se, tirando a própria vida.
Deserta ficou sua habitação, e nela não houve quem a habitasse.
O grupo apostólico carecia que outro tomasse o seu bispado.
A escolha se daria entre dois discípulos que estiveram junto ao grupo desde o batismo de João até a ascensão de Jesus, sendo testemunha dos dias do Messias.
Dois eram os nomes: José, chamado Barsabás, tendo por sobrenome Justo, e Matias.
Ocasião para disputas e exaltação das personalidades de cada um?
Não... Aprendamos com os apóstolos. O recurso adotado para santificar a escolha fora a oração.
Pedro pede ao Senhor, que conhece a fundo o coração dos homens, qual dos dois, era o escolhido.
Não era a ocasião de se discutir mérito, conhecimento ou qualidades pessoais. A escolha não era uma eleição entre Barsabás e Matias. Pedro pedira ao Senhor que apontasse pela inspiração do momento, qual dos dois era o chamado ao apostolado.
Simão Pedro evocara a graça divina. Dom gratuito, quem não se compra, nem se vende.
Lição preciosa para todos os tempos...
A sorte (graça) repousara sobre Matias. E por voto comum fora aprovado para compor o grupo.
Matias tomou parte neste ministério, tornando-se o décimo segundo apóstolo, vindo após Judas.
Apóstolo póstumo.
 
OBS: Segundo a tradição cristã Matias evangelizou na Judéia, Capadócia e, depois na Etiópia. Sofreu perseguição e foi martirizado, morrendo apedrejado e decapitado em Colchis, Jerusalém, testemunhando sua fidelidade a Jesus.

 
 

domingo, 3 de novembro de 2013

SER-ME-EIS TESTEMUNHAS


Azulejos em Lama, Barcelos, Portugal
 
 
“(...) e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra”.
 (Atos, 1; 1-14).
 
O relato da ascensão de Jesus traz orientações preciosas para o testemunho cristão.
 
Atos dos apóstolos é o tratado sobre as ações e os ensinos de Jesus após a ressurreição, até o momento em que ascende ao céu.
O relato segue com as ações dos apóstolos, designados pelo Cristo para prosseguir o seu ministério, sob a sua inspiração do Espírito.
Após ter padecido na cruz, Jesus apresentou-se vivo, para várias testemunhas oculares no espaço de quarenta dias. Durante este período, continuou a instruir acerca do reino de Deus.
Jesus determinou aos seus apóstolos que não saíssem de Jerusalém, mas que aguardassem a sua promessa sobre o batismo do Espírito.
Até João Batista, cumpriram-se os ritos judaicos, do batismo com água, símbolo do arrependimento e do compromisso de renovação. No entanto, com Cristo, o batismo tomara nova feição. Passaria a ser sentido como uma imersão interior, a busca constante para afinar a sintonia com os dons espirituais.
Os seguidores do Cristo ressuscitado anseiam pelo tempo em que o reino dos céus será restaurado. Jesus sempre prudente, e conhecedor da psicologia humana, orienta para o trabalho que aguarda o discípulo, rechaçando a forma mística da espera sem esforço. Esclarece que não cabe ao homem datar os tempos preditos, mas, sim contribuir para a edificação do reino com sua dedicação, e com a vivência do amor por ele prescrito como mandamento maior da Lei.
“(...) Ser-me-eis testemunhas (...) até os confins da terra” – este é o pedido particular de Jesus a todos os seus discípulos.
Mensagem atual e de imenso significado para as relações sociais e para as respostas aos conflitos íntimos aos quais somos convocados a viver pelos imperativos das provas e das expiações.
Na narrativa apostólica é possível visualizar o momento da ascensão de Jesus, elevando-se às alturas, com seu corpo celeste, ocultando-se aos olhos dos que o avistavam.
Dois varões vestidos de branco se apresentam... Anjos corporificados? – novamente incentivam os discípulos a ação. Orientam para não olharem para o céu, porque da mesma forma que fora recebido no céu, voltaria o Mestre, quando os tempos fossem cumpridos.
Voltaram os apóstolos a Jerusalém, subiram ao cenáculo, onde habitavam: Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e Judas, de Tiago. Com eles perseveravam em oração, as mulheres, Maria, mãe de Jesus, e seus irmãos.
E em todos ficara a mesma palavra, semeada no coração:
“(...) Ser-me-eis testemunhas (...)”.