Era uma sombra
Era uma sombra sorrateira
Cobria em manto meus desejos
Não era luz. Era sombra.
Delituosa,
rodeava lépida meu jardim
Não era luz.
Era sombra.
Licenciosa,
aconchegava-me nos dias de calor
Não era luz.
Era sombra.
Assim, deitada na relva...
Como dediquei-me a este imprevisto!
Voraz, um beijo
Um beijo...
Não era luz.
Era sombra.
Um veraneio de perfume róseo
Fêmea em luz: sombra em poente
NOTA DO AUTOR:
O nome próprio "Letícia" tem sua origem no Latim "Laetitia", e significa "alegria", "felicidade".
Com esta conotação de adjetivo o título do texto deve ser compreendido.
A presença da "sombra": sorrateira, delituosa, lépida, licenciosa, voraz não insinua ocultação, ou negativa influência, mas, ao contrário, indica uma solar proteção, aconchego, agradável estadia, descanso, repouso sem amarras, culpabilidade ou autopunição.
Não era "luz", pois não trata-se de uma revelação. A "sombra" é um salutar imprevisto.
A figura feminina associada ao texto projeta a intenção de vida exuberante, bela, atraente e exultante.