Sinto a cada pingo
um eco cá dentro
Tenho estranho fascínio
pela solitude
e cultivo a tristeza como quem rega rosas
Sinto a cada pingo
o chão lentamente se abrindo
um pranto rasgado de tudo o que não foi
A chuva mastiga o som em estalos
Faz sinfonia no sítio de meu exílio
Sinto a cada pingo
o acúmulo derramar lama na estrada
formando pequena lagoa
em frente a varanda de minha casa
Sinto a cada pingo
que o pingo virou enxurrada
e deságua neste janeiro molhado e sem graça:
- Maré cheia sem fim!
NOTA DO AUTOR:
A contemplação como um recurso retrospectivo de reflexão.
Há uma promessa de estio em cada tempestade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário