domingo, 20 de janeiro de 2013

MARÉ CHEIA

manhã, maré
 
 
 
 
Sinto a cada pingo
 
um eco cá dentro
 
Tenho estranho fascínio
 
pela solitude
 
e cultivo a tristeza como quem rega rosas
 
 
Sinto a cada pingo
 
o chão lentamente se abrindo
 
um pranto rasgado de tudo o que não foi
 
A chuva mastiga o som em estalos
 
Faz sinfonia no sítio de meu exílio
 
 
Sinto a cada pingo
 
o acúmulo derramar lama na estrada
 
formando pequena lagoa
 
em frente a varanda de minha casa
 
 
Sinto a cada pingo
 
que o pingo virou enxurrada
 
e deságua neste janeiro molhado e sem graça:
 
- Maré cheia sem fim!
 
 
 
NOTA DO AUTOR:
 
A contemplação como um recurso retrospectivo de reflexão.
 
Há uma promessa de estio em cada tempestade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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