A parábola do rico insensato – Rembrandt, 1627.
“(...) Insensato, esta noite te exigirão a tua alma; e as
coisas que ajuntaste para quem serão?”.
(Lucas, 12; 16-21).
A parábola do avarento nos esclarece sobre
as armadilhas do apego.
Castelos no ar...
Produziam muitos frutos as terras de um homem rico:
Benção, que sugere partilha.
“Que hei de fazer?” – indaga o rico homem, pondo em
dúvida a evidente certeza.
“Não tenho onde recolher os meus frutos, pois
cheios estão os meus celeiros” – ignora que a fartura é empréstimo, e não um
privilégio.
Decide derrubar os celeiros que tinha e construir
maiores para guardar toda sua colheita e bens.
(Reter é usurpar o direito de muitos).
E onde está o próximo que não o vejo?
(A avareza faz cego o olho que vê, sem enxergar).
“Minha alma, tens muito bens em depósito para
largos anos” – ensaia o homem rico um diálogo com a alma (Eu, que de mim me
oculto).
Alma...
Dela se apartara. Como se diante dela um anônimo
fosse.
O que a ela oferece? Bens em depósito...
“Descansa, come, bebe e regala-te”- eis o mote do
homem rico.
Miserável riqueza, esta!
Ostenta o que não lhe pertence, embora seja o
depositário.
Infiel depositário...
O Senhor dos frutos, dos celeiros, da colheita, do
depósito, dos bens, conclama: “Esta noite exigirão tua alma. Para quem, o que
ajuntaste?”.
O que apresentarei diante do meu Senhor? – aflige-se
o homem rico.
- “Bens em
depósito, a Ele pertence. Bens do espírito? Não os reconheço”.
O que era fartura fez-se penúria.
A pena da avareza é a plena ausência de si mesmo.
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