domingo, 10 de fevereiro de 2013

JESUS CHOROU






“E disse: Onde o puseste? Disseram-lhe: Senhor vem, e vê. Jesus chorou. Disseram-lhe, pois os judeus: Vede como o amava”. (João 11; 34-36) 

Jesus chorou quando esteve na aldeia de Betânia. Atendendo ao pedido das irmãs de Lázaro, Maria e Marta, Jesus foi ao encontro do amigo que se encontrava enfermo. 

Lázaro estava enfermo.

Maria e Marta eram as irmãs de Lázaro.

Maria em outra oportunidade ungiu Jesus com unguento e enxugou os pés do Mestre com os próprios cabelos. Agora Maria clamava a presença do Rabi para curar o irmão.

Maria e Marta procuraram por Jesus informando a enfermidade do amigo a quem Jesus amava. Jesus amava aquela família: Maria, Marta e Lázaro.

Jesus informa as irmãs de Lázaro que aquela enfermidade não era para a morte do amigo, mas para a glória de Deus, e para que ele, Jesus, fosse glorificado pela cura de Lázaro.

Jesus, no entanto, não atende de imediato o pedido de Maria e Marta. Permanece por mais dois dias no lugar onde estava. Após estes dois dias, Jesus não foi de imediato para Betânia onde estava Lázaro, enfermo. O Cristo chama os seus discípulos e convoca-os para retornar para a Judéia.

Da Judéia Jesus e seus discípulos foram para Betânia, que distava de Jerusalém quase quinze estádios, cerca de seis quilômetros. Chegou à Betânia quatro dias depois do aviso da irmã de Lázaro. Muitos judeus consolavam Maria e Marta, pois acreditavam que Lázaro já estava morto. Marta ao saber que Jesus se aproximava, foi ao encontro do Mestre para ter com ele, enquanto Maria permaneceu em casa, assentada.

Marta diz a Jesus que se o Mestre estivesse ali, seu irmão não teria morrido. Maria parece repreender Jesus não compreendendo por que o rabi não viera o quanto antes curar Lázaro.

Marta, porém, ainda crê que se Jesus rogar a Deus, Lázaro tornará a vida. Jesus confirma: “Teu irmão há de ressuscitar”. Marta não compreende e acredita que Jesus se refere a ressurreição do último dia, conforme a crença judaica.

Jesus transmitia mais uma lição afirmando ser ele a ressurreição e a vida, e que aquele que crê ainda que esteja morto viverá, e aquele que vive e crê, nunca morrerá.

Há morte em vida, e há vida na morte.

Jesus chamou em segredo Maria, que se levantou e foi falar com o galileu. O Mestre ainda não chegara à aldeia de Betânia, mas Maria avistando-o, lançou-se aos seus pés lamentando, repetindo a Jesus, tal como Marta, que se o rabi estivesse ali, Lázaro não teria morrido.

Jesus se comove. Observa o desespero da irmã de Lázaro, que chorava intensamente. Também choravam os judeus que acompanharam Maria, e que agora estavam diante do rabi. Jesus rememora a cena, em que a mesma Maria ungia e enxugava o Mestre, amorosamente, com um zelo religioso, usando os próprios cabelos, véu da vaidade e formosura femininas, para secar os seus pés.

Naquele instante tinha novamente a irmã de Lázaro enlaçada nos seus pés. Não era mais a alegria, o contentamento que se expressava no semblante de Maria, como foi quanto outrora o servira. Maria, agora, chorava sem esperança, chorava a dor da perda, a saudade, a ausência...

De que adiantava, pensaria Jesus, falar-lhes sobre o reino dos céus, se tudo o que queriam naquele momento era o consolo, o alento da providência divina? Não viera ele para apaziguar o coração humano, cansado da precariedade da vida, que lhes escapava do corpo em que foram sepultados, e cuja morte os separavam sem aviso?

Jesus exerceu a alteridade. A capacidade de sentir com o outro.

A dor de Maria, naquele momento era a sua dor. Ao enlaçar os seus pés, a irmã de Lázaro formava um só corpo com Jesus. E o rabi a incorporara. Jesus e Maria se comoviam num mesmo pulsar de alma.

Era chegado o momento. Jesus pergunta onde estava Lázaro. E disseram-lhe: “Vem, e vê”. Era a senha aguardada. Jesus materializaria aos olhos humanos a vitória da vida sobre a morte.

Jesus chorou.

Constatam os judeus: “Vede como o amava”. Crendo que Jesus chorava por Lázaro.

Tomado de profunda emoção pelo episódio que atravessaria os séculos e marcaria a tradição cristã, o rabi pede para que retirem a pedra do sepulcro de Lázaro.

Levanta os olhos para o céu, agradece a oportunidade de manifestar o poder divino diante dos homens, carentes de provas visíveis da fé, e exclama em alta voz:

- Lázaro, sai para fora.

Para espanto geral, Lázaro sai. Mãos e pés ligados com faixas, e o rosto envolto num lenço. Desenfaixado e desperto, Lázaro tornou a vida.

O episódio de Lázaro não foi somente o milagre da ressurreição acima da morte.

Na ressurreição de Lázaro temos a integração de Jesus com a humanidade, representada por aqueles aflitos judeus que choravam a ausência de um irmão, de um amigo. As lágrimas da aflição desaguaram no mesmo leito das lágrimas da compaixão e da esperança.

No inesquecível dia em que Jesus chorou.

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