domingo, 17 de fevereiro de 2013

SOB O OLHAR DE SIMEÃO


“Havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão...”
 (Lucas 2; 25-35)
 

Passagem do evangelho de Lucas descreve a reação de Simeão ao ver o menino Jesus, e tomá-lo nos braços.

 
Simeão era sacerdote no templo de Jerusalém. Zeloso de sua fé e justo perante as leis de Deus.

Confiava no cumprimento da promessa da vinda do Messias. Instrumento digno para a execução da lei divina, Simeão recebera uma revelação.

O Espírito revelara-lhe que não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor.

Era a reafirmação da sua fé. Simeão acreditara convictamente na revelação. Já em avançada idade, ansiava por ver o Messias de Israel face a face.

O dia chegara. Novamente inspirado pelo Espírito, Simeão se dirige ao Templo, e quando José e Maria, os pais de Jesus, aproximam-se com o menino, na intenção de que se cumprisse o rito hebraico, segundo as prescrições da lei mosaica para os recém-nascidos, Simeão exulta entendendo a grandeza daquele momento.

Simeão toma o menino Jesus nos braços, louva a Deus, e eterniza suas palavras: “Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos”.

Era o cumprimento da promessa. Sob o olhar de Simeão estava o Messias. No frágil corpo de uma criança ocultavam-se os mistérios da vida, morte e ressurreição. Era como se o céu descesse à Terra na figura de um anjo materializado em forma de menino.

A emoção de Simeão foi tamanha ao tocar no corpo do Cristo, que ele foi tomado pela inspiração do momento, e sentenciou: “Luz para alumiar as nações, e para glória de teu povo Israel”.

Jesus viera cumprir a esperança anunciada nas antigas escrituras hebraicas. Os olhos espirituais de Simeão detectara uma nova era para os povos. Israel não estava mais circunscrita em seu território, sob o jugo romano. Não. A partir de então, Israel liberta abarcaria consigo a grande família humana, e romperia o espaço e o tempo.

Jesus sintetiza o amor de Deus pelos homens. É fruto de uma videira bendita, cujo sumo celebra a alegria da redenção.

Como precisar o que passara no coração de Simeão naquele momento?

José e Maria se admiraram da reação de Simeão, e das coisas que ele dizia sobre o menino.

Simeão não se conteve. Abençoou os pais de Jesus, e olhando firme para Maria disse, ainda tomado pelo Espírito: “Eis que este é posto para a queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado”.

A presença de Jesus sobre a Terra desnudou a hipocrisia humana tão acomodada ao poder e a ostentação. A criança que nascera na manjedoura de um estábulo, era um rei sem reinado ou súditos. Preferira convocar os homens ao autoencontro no reino interno do coração. Sem cobrar reverências, Jesus via nos homens, irmãos, e chamara os já despertos ao discipulado. Filho de Deus e Mestre foram os títulos que aceitou.

Sinal contraditado de queda e elevação. O Messias despertara nos homens emoções distintas. Uns o amariam, sem sequer o terem visto. Outros o odiariam sem sequer... ou por não o conhecerem. O amor e o ódio. Verso e reverso da precariedade humana.

Porém, no tom profético das palavras de Simeão, a dor é revelada ao se dirigir a Maria: “E uma espada transpassará também a tua própria alma, para que se manifestem o pensamento de muitos corações”.

No roteiro da divina epopeia cristã a renúncia tem lugar de destaque. Maria é a protagonista da dor materna, pois veria seu filho amado, ultrajado e morto. Quem avaliará a dor desta mãe?

O plano da divina Providência estabeleceu que assim fosse para que os corações humanos recebessem o testemunho de cada um dos partícipes deste capítulo decisivo da história.

Que profeta luminoso fora o sacerdote Simeão!

Com que sabedoria, e com quão belas palavras antecipara os acontecimentos.

Sob o olhar de Simeão o menino Cristo, não apenas nascera, mas fizera nascer um novo mundo a sua volta.

“Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra”.

Vai! Mas, esteja conosco profeta Simeão!

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