
“(...) havia um homem
chamado Zaqueu, chefe dos publicanos e muito rico que, tendo vontade de ver
Jesus para conhecê-lo, não o podia por causa da multidão, porque ele era muito
pequeno; por isso correu à frente e subiu a um sicômoro para vê-lo, porque ele
devia passar por ali; Jesus tendo chegado a esse lugar, olhou para cima e,
tendo-o visto, lhe disse: Zaqueu, apressai-vos em descer, porque é preciso que
eu me aloje hoje em sua casa. Zaqueu desceu logo e o recebeu com alegria. Vendo
isso, todos murmuravam dizendo: Ele foi alojar-se na casa de um homem de má
vida...” (Lucas, XIX, v. 1-7).
O que faria eu se soubesse que Jesus estaria hoje em minha
cidade?
Mais de dois mil anos depois, temos a informação de quem era
aquele profeta popular que falava em parábolas e anunciava o reino dos céus.
Mas, Zaqueu, ainda não sabia...
O fato é que o chefe dos publicanos soube intuir que aquele
evento, da passagem de Jesus, na cidade de Jericó, mudaria a sua vida.
Zaqueu intuiu, mas nós sabemos que se tratava do Messias. E
porque tenho a impressão de que Jesus atravessa nos dias atuais as vias urbanas sem que seja notado?
Observo ao meu redor...
O humano dos meus dias permanece alheio à passagem do tempo.
Outrora era o templo suntuoso, o comércio emergente, as
ofertas, imolações e as obrigações religiosas impostas pela lei. Hoje, são os
altos prédios, outdoors, buzinas, o insano embate da multidão na busca pela
sobrevivência. Rostos sem nomes, vidas sem tempo, angústias sem eco. Porém, aí
está, a mesma indiferença, e o gosto pelas distrações.
O que faria eu se soubesse que Jesus
estaria hoje em minha cidade?
Zaqueu não teve dúvida. Queria
conhecer o Mestre. A multidão dos curiosos impossibilitava o contato. Zaqueu
tinha baixa estatura.
Mas, Zaqueu antecipou-se. Antes da
passagem de Jesus, o rico publicano correu adiante, subiu em uma alta árvore, e
postou-se à espera.
Zaqueu preparou-se. Ele se predispôs.
Somos nós, tal qual Zaqueu,
predispostos ao encontro com o Mestre?
Percebam que Jesus, dentre toda a
multidão, notou Zaqueu sobre o sicômoro. E ao olhar do Rabi Galileu, Zaqueu
rendeu-se de vez. Sim, era àquele que Zaqueu esperara por longo tempo...
Mesmo sem Zaqueu dizer palavra, Jesus
reconhece o seu anfitrião naquela cidade.
Zaqueu já o recebera antes em seu
coração. Por isto, o auto convite de Jesus não foi uma indelicadeza, um abuso.
Não. Jesus externou em palavras o convite mental de Zaqueu: “Hospede-se em
minha casa, Rabi!”, cantava a alma do publicano. O Messias ouviu o cântico: “...
Zaqueu, apressai-vos em descer, porque é preciso que eu me aloje hoje em sua
casa.” Zaqueu foi atendido em seu apelo.
No entanto, os murmuradores, sempre
presentes e dispostos com seus contra argumentos, dispararam envenenados: “Ele
foi alojar-se na casa de um homem de má vida”.
Os caluniadores são cegos e surdos na
alma, mas não são mudos.
O que faria eu se soubesse que Jesus
estaria hoje em minha cidade?
Ele passa...
Jesus está em minha cidade. Vejo-o,
por vezes, o sinto nos rostos sem nomes, nas vidas sem tempo, nas angústias sem
eco.
Jesus está tão próximo em meu
próximo, tão semelhante em meu semelhante, que nele me reconheço.
Zaqueu subiu no sicômoro para ver
Jesus, e Jesus pediu sua descida para em sua morada fazer-se hóspede.
Quando subiremos no sicômoro?
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