domingo, 3 de fevereiro de 2013

ZAQUEU, DO ALTO DO SICÔMORO





“(...) havia um homem chamado Zaqueu, chefe dos publicanos e muito rico que, tendo vontade de ver Jesus para conhecê-lo, não o podia por causa da multidão, porque ele era muito pequeno; por isso correu à frente e subiu a um sicômoro para vê-lo, porque ele devia passar por ali; Jesus tendo chegado a esse lugar, olhou para cima e, tendo-o visto, lhe disse: Zaqueu, apressai-vos em descer, porque é preciso que eu me aloje hoje em sua casa. Zaqueu desceu logo e o recebeu com alegria. Vendo isso, todos murmuravam dizendo: Ele foi alojar-se na casa de um homem de má vida...” (Lucas, XIX, v. 1-7). 

O que faria eu se soubesse que Jesus estaria hoje em minha cidade?

Mais de dois mil anos depois, temos a informação de quem era aquele profeta popular que falava em parábolas e anunciava o reino dos céus. Mas, Zaqueu, ainda não sabia...

O fato é que o chefe dos publicanos soube intuir que aquele evento, da passagem de Jesus, na cidade de Jericó, mudaria a sua vida.

Zaqueu intuiu, mas nós sabemos que se tratava do Messias. E porque tenho a impressão de que Jesus atravessa nos dias atuais as vias urbanas sem que seja notado?

Observo ao meu redor...

O humano dos meus dias permanece alheio à passagem do tempo.

Outrora era o templo suntuoso, o comércio emergente, as ofertas, imolações e as obrigações religiosas impostas pela lei. Hoje, são os altos prédios, outdoors, buzinas, o insano embate da multidão na busca pela sobrevivência. Rostos sem nomes, vidas sem tempo, angústias sem eco. Porém, aí está, a mesma indiferença, e o gosto pelas distrações.

O que faria eu se soubesse que Jesus estaria hoje em minha cidade?

Zaqueu não teve dúvida. Queria conhecer o Mestre. A multidão dos curiosos impossibilitava o contato. Zaqueu tinha baixa estatura.

Mas, Zaqueu antecipou-se. Antes da passagem de Jesus, o rico publicano correu adiante, subiu em uma alta árvore, e postou-se à espera.

Zaqueu preparou-se. Ele se predispôs.

Somos nós, tal qual Zaqueu, predispostos ao encontro com o Mestre?

Percebam que Jesus, dentre toda a multidão, notou Zaqueu sobre o sicômoro. E ao olhar do Rabi Galileu, Zaqueu rendeu-se de vez. Sim, era àquele que Zaqueu esperara por longo tempo...

Mesmo sem Zaqueu dizer palavra, Jesus reconhece o seu anfitrião naquela cidade.

Zaqueu já o recebera antes em seu coração. Por isto, o auto convite de Jesus não foi uma indelicadeza, um abuso. Não. Jesus externou em palavras o convite mental de Zaqueu: “Hospede-se em minha casa, Rabi!”, cantava a alma do publicano. O Messias ouviu o cântico: “... Zaqueu, apressai-vos em descer, porque é preciso que eu me aloje hoje em sua casa.” Zaqueu foi atendido em seu apelo.

No entanto, os murmuradores, sempre presentes e dispostos com seus contra argumentos, dispararam envenenados: “Ele foi alojar-se na casa de um homem de má vida”.

Os caluniadores são cegos e surdos na alma, mas não são mudos.          

O que faria eu se soubesse que Jesus estaria hoje em minha cidade?

Ele passa...

Jesus está em minha cidade. Vejo-o, por vezes, o sinto nos rostos sem nomes, nas vidas sem tempo, nas angústias sem eco.

Jesus está tão próximo em meu próximo, tão semelhante em meu semelhante, que nele me reconheço.

Zaqueu subiu no sicômoro para ver Jesus, e Jesus pediu sua descida para em sua morada fazer-se hóspede.

Quando subiremos no sicômoro?

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