“... o qual grão é, na verdade, a menor de todas as sementes, mas depois
de crescida é a maior das hortaliças e faz-se árvore, de tal modo que as aves
do céu vêm pousar nos seus ramos”.
(Mateus, 8; 31-32 – Marcos, 4;
30-32 – Lucas, 13; 18-19.)
A parábola do grão de mostarda é a lição da expansão gradativa da
espiritualidade humana.
Jesus
menciona com frequência o Reino dos Céus.
Esta
sua insistência é intencional. Parece-me que o Rabi deseja que ampliemos nossas
vistas para este Reino.
Alguns
aguardam encontrar o Reino dos Céus na vida eterna, na vida futura ou nas
variantes desta crença. Mas, as palavras de Jesus são tão impactantes,
destacadas em tão vivas cores que é impossível não situá-lo no espaço-tempo em
que nos encontramos.
A
dinâmica de ensino de Jesus é a pedagogia da vivência. O Mestre sente nossa
carência de exemplificação, de padrões de conduta, de viável aplicação da lei
divina.
A
parábola do grão de mostarda é uma obra prima de síntese e profundidade.
Sintetiza, resume quando simboliza. E aprofunda quando compara.
A
menor de todas as sementes: o grão de mostarda. Semelhante a ele, o Reino dos
Céus.
Estando
este Reino em toda parte e localidade, acima, embaixo, à direita e à esquerda,
na imensidade infinita dos astros, e no invisível éter que preenche o aparente
vazio do Universo – este Reino – é comparável ao pequeno grão em vasto sentido.
Há
quem se mostre indiferente diante da ciência do Reino. Zombam, inclusive
daqueles que dedicam seu tempo, seus estudos e reflexões, em torno de “fantasias,
superstições e crendices”, segundo eles.
No
entanto, a insignificância da espiritualidade aos olhos dos descrentes converge
para o grão de mostarda, que embora possua diminuto aspecto traz consigo o
progresso latente.
O
homem tomou e lançou a semente no seu campo – assim descreve Jesus na parábola.
Atente
que o homem tomou a semente. Não estava de posse dela, foi ao seu encontro,
tomou-a nas mãos, tal como o homem falível que sabe não ser detentor da
verdade, devendo buscá-la em outra parte.
Observe
que o homem lançou a semente. Não bastando tê-la nas mãos, precisava de campo
fértil para semeá-la. E semeou onde? Informa Jesus na parábola que o homem
lançou o grão... no seu campo. Fica claro que a plantação do Reino se inicia em
nosso campo. Querer semear e colher em campo alheio é ignorar a sabedoria
divina que solicita o cultivo em terra própria, em terra que dê bons frutos.
A
fragilidade ocasional da semente, do grão de mostarda, surpreende os olhos
desatentos. Pois, se era ignorada até então por seu tamanho reduzido, passa a
ser admirada pelo seu desenvolvimento. Cresce, torna-se a maior das hortaliças
e se faz árvore.
O
homem que se empenha na semeadura e no cultivo do pequeno grão da lei divina
terá farta colheita de fé e consolação. Não deve se orgulhar de boas obras,
porque não foram ocasionadas por mérito pessoal, mas por compaixão da
Providência, que nos enseja intermediar a vontade do Criador.
Nesta
ocasião, quando a maior das hortaliças tornou-se árvore, as aves do céu vêm
pousar nos seus ramos.
Aves
do Céu!
Mensageiros
do Amor e da Paz. Celestes Benfeitores que socorrem a aflição, o infortúnio.
Aves
do Céu!
Tão
bem conhecem o conflituoso coração humano com suas imensas contradições.
De
diminuta semente a maior das hortaliças, de maior das hortaliças a árvore
copada.
De
grão em grão de grau em grau:
-
Aves do Céu! Pousai nos ramos...
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