domingo, 17 de março de 2013

AVES DO CÉU! POUSAI NOS RAMOS...




“... o qual grão é, na verdade, a menor de todas as sementes, mas depois de crescida é a maior das hortaliças e faz-se árvore, de tal modo que as aves do céu vêm pousar nos seus ramos”.

 (Mateus, 8; 31-32 – Marcos, 4; 30-32 – Lucas, 13; 18-19.)
 
A parábola do grão de mostarda é a lição da expansão gradativa da espiritualidade humana.
 
Jesus menciona com frequência o Reino dos Céus.
Esta sua insistência é intencional. Parece-me que o Rabi deseja que ampliemos nossas vistas para este Reino.
Alguns aguardam encontrar o Reino dos Céus na vida eterna, na vida futura ou nas variantes desta crença. Mas, as palavras de Jesus são tão impactantes, destacadas em tão vivas cores que é impossível não situá-lo no espaço-tempo em que nos encontramos.
A dinâmica de ensino de Jesus é a pedagogia da vivência. O Mestre sente nossa carência de exemplificação, de padrões de conduta, de viável aplicação da lei divina.
A parábola do grão de mostarda é uma obra prima de síntese e profundidade. Sintetiza, resume quando simboliza. E aprofunda quando compara.
A menor de todas as sementes: o grão de mostarda. Semelhante a ele, o Reino dos Céus.
Estando este Reino em toda parte e localidade, acima, embaixo, à direita e à esquerda, na imensidade infinita dos astros, e no invisível éter que preenche o aparente vazio do Universo – este Reino – é comparável ao pequeno grão em vasto sentido.
Há quem se mostre indiferente diante da ciência do Reino. Zombam, inclusive daqueles que dedicam seu tempo, seus estudos e reflexões, em torno de “fantasias, superstições e crendices”, segundo eles.
No entanto, a insignificância da espiritualidade aos olhos dos descrentes converge para o grão de mostarda, que embora possua diminuto aspecto traz consigo o progresso latente.
O homem tomou e lançou a semente no seu campo – assim descreve Jesus na parábola.
Atente que o homem tomou a semente. Não estava de posse dela, foi ao seu encontro, tomou-a nas mãos, tal como o homem falível que sabe não ser detentor da verdade, devendo buscá-la em outra parte.
Observe que o homem lançou a semente. Não bastando tê-la nas mãos, precisava de campo fértil para semeá-la. E semeou onde? Informa Jesus na parábola que o homem lançou o grão... no seu campo. Fica claro que a plantação do Reino se inicia em nosso campo. Querer semear e colher em campo alheio é ignorar a sabedoria divina que solicita o cultivo em terra própria, em terra que dê bons frutos.
A fragilidade ocasional da semente, do grão de mostarda, surpreende os olhos desatentos. Pois, se era ignorada até então por seu tamanho reduzido, passa a ser admirada pelo seu desenvolvimento. Cresce, torna-se a maior das hortaliças e se faz árvore.
O homem que se empenha na semeadura e no cultivo do pequeno grão da lei divina terá farta colheita de fé e consolação. Não deve se orgulhar de boas obras, porque não foram ocasionadas por mérito pessoal, mas por compaixão da Providência, que nos enseja intermediar a vontade do Criador.
Nesta ocasião, quando a maior das hortaliças tornou-se árvore, as aves do céu vêm pousar nos seus ramos.
Aves do Céu!
Mensageiros do Amor e da Paz. Celestes Benfeitores que socorrem a aflição, o infortúnio.
Aves do Céu!
Tão bem conhecem o conflituoso coração humano com suas imensas contradições.
De diminuta semente a maior das hortaliças, de maior das hortaliças a árvore copada.
De grão em grão de grau em grau:
- Aves do Céu! Pousai nos ramos...
 

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