domingo, 8 de abril de 2012

EXÍLIO D'ALMA

Fotografia : Vanessa Cavalcante





Buscar inspiração é uma luta sã
Busca contínua, mal rompe a manhã
Traduzo o que vejo com olhos suspeitos
Procuro um efeito
Quero um verso que soe como um cântico

Romântico imerso no mistério
Deságuo minha vaidade em um rio de meias verdades
escritas a meia-luz, reluz
Idéias desordenadas,
selecionadas como imagens projetadas
por câmeras no trilho

Sou filho do tempo
Espero o momento
em que o sentimento seja-me um unguento para os meus pesares
Alhures escuto outrora vozes do despertar
Um dia vou voltar, vou voltar
ao meu lugar

E ouvirei cantar um Sabiá,
Uma Sabiá cantará
Se há, seja
Seja, se há
Se há, seja...


NOTA DO AUTOR:

O texto acima foi inspirado no poema "Canção do Exílio", do poeta maranhense Antônio Gonçalves Dias (1823-1864), escrito no ano de 1843 na cidade de Coimbra, Portugal.
No entanto, se no poema de Gonçalves Dias o retorno a terra natal é o apelo recorrente, no texto acima o apelo é à inspiração, como uma sensação indefinida, mas de presença arrebatadora, cuja lembrança remete para imagens que assaltam a mente do autor, para finalizar com um quase cântico, repetindo sonoramente a frase musical de um(a) Sabiá - "Se há, seja...", configurando um misto de dúvida sobre a ação inspiradora, e o ato real, objetivo de grafar palavras, construindo o texto.

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