“Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas e uma delas se extravia, não
deixa as noventa e nove e vai aos montes procurar a que se extraviou? (...)
Assim não é da vontade do vosso Pai que está nos Céus que pereça nenhum desses
pequeninos”.
(Mateus, 18; 12-14 – Lucas, 15;
3-7.)
A parábola da ovelha perdida evidencia
o amor de Deus em sua plena sabedoria.
Saulo
respirava ameaças e mortes contra os discípulos de Jesus, e foi ao encontro do
Sumo Sacerdote pedir cartas de autorização para adentrar as sinagogas em
Damasco, e se encontrasse adeptos dos ensinos do galileu crucificado, sendo
homens ou mulheres, os conduziriam presos a Jerusalém.
Tomou
consigo dois companheiros e partiram com seus cavalos em direção a Damasco. E
indo no caminho, de repente um esplendor do Céu o cercou. Saulo caiu em terra,
e ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”.
Quem
és, Senhor? – perguntou o fariseu. “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é
para ti recalcitrar (teimar) contra os aguilhões (a missão a que Saulo estava
destinado)” – respondeu o Messias ressurreto.
Saulo
tremia, e perplexo tornou a perguntar: “Senhor, que queres que eu faça?” E
disse-lhe Jesus: “Levanta-te, entra na cidade, e lá te será dito o que te
convém fazer”.
Os
companheiros de Saulo que faziam o trajeto pela estrada com ele, pararam
espantados, pois ouviram a voz, porém não viram ninguém.
Saulo
levantou-se da terra, abriu os olhos, e percebeu, então, que estava cego. Os
companheiros guiando-o pela mão o conduziram até Damasco. Esteve por três dias
sem ver. Não comeu, nem bebeu.
Jesus
apareceu em visão, a um discípulo chamado Ananias que residia em Damasco. Pediu
a Ananias para dirigir-se á rua chamada Direita, na hospedaria de Judas, e que
lá perguntasse sobre um homem de Tarso chamado Saulo. Ananias temeu o encontrou
com o fariseu, pois conhecia a sua fama de perseguidor dos discípulos de Jesus.
O Messias, em Espírito, respondeu: “Vai, porque este homem é para mim um vaso
escolhido, para levar meu nome diante dos gentios, dos reis, e dos filhos de
Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome”.
Ananias
foi até a hospedaria, encontrou Saulo, lhe impôs as mãos, e lhe caíram dos
olhos como que umas escamas, e Saulo recuperou a vista. Desde, então, não havia
mais o fariseu Saulo, nascera para a cristandade Paulo, o apóstolo.
Há
quem verbalize em nome do Cristo ideias que não conferem com os seus ensinos.
Entre elas está a ideia da condenação (Inferno) eterno. Sentenciar pela eternidade
delitos que são temporários (enquanto dura o mal no indivíduo, por um desajuste
da sua conduta) seria uma estranha contradição, numa Doutrina que prega o amor
irrestrito, incondicional. O fato, é que tal condenação não encontra respaldo
nas Escrituras.
A
parábola da ovelha perdida é um cântico do Evangelho evocando a benevolência, a
indulgência e o perdão. Lembremos que a revelação é divina, mas a interpretação
é humana. E como tudo que é humano é imperfeito, limitado e falível, veremos o
porquê desta transposição de uma imperfeição dos homens (a intolerância) para
imiscuir-se na Boa Nova.
Como
Saulo, por vezes, respiramos ameaças, crendo possuir autoridade para definir o
certo e o errado, o bem e o mal. Colocamos-nos a caminho na intenção de
perseguir quem ouse pensar diferente de nós. E, eis que Cristo nos busca,
pessoalmente, em uma viela da existência, nos lançando ao solo, cegando a nossa
cegueira de opinião, para nos devolver a gloriosa visão da vida além. Não teimemos contra o chamado que nos
conduzirá à espiritualidade de ser o que se é.
Sem
máscaras, ou falsas intenções enxerguemos que somos todos ovelhas fugitivas do
aprisco do Bom Pastor, que não impôs cancela para o seu redil, mas que não
poupará esforços para chamar nossa consciência ao caminho de retorno. Por que
se é da vontade do Pai que nenhuma ovelha se perca, a vontade do Criador
prevalecerá.
Quando
a escuridão visitá-lo, ocultando a alegria que detinha lembre que Deus faz o sol
nascer todos os dias sobre bons e maus, justos e injustos. A misericórdia
divina é infinita e estende seu Amor sobre toda a Criação – manifestação em
potência da Sabedoria do Criador.
Quando
o Amor cobre a multidão dos nossos erros, não há pecado sem remissão.
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