domingo, 21 de abril de 2013

APRISCO SEM CANCELA



“Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas e uma delas se extravia, não deixa as noventa e nove e vai aos montes procurar a que se extraviou? (...) Assim não é da vontade do vosso Pai que está nos Céus que pereça nenhum desses pequeninos”.

 (Mateus, 18; 12-14 – Lucas, 15; 3-7.)

 

A parábola da ovelha perdida evidencia o amor de Deus em sua plena sabedoria.


Saulo respirava ameaças e mortes contra os discípulos de Jesus, e foi ao encontro do Sumo Sacerdote pedir cartas de autorização para adentrar as sinagogas em Damasco, e se encontrasse adeptos dos ensinos do galileu crucificado, sendo homens ou mulheres, os conduziriam presos a Jerusalém.

Tomou consigo dois companheiros e partiram com seus cavalos em direção a Damasco. E indo no caminho, de repente um esplendor do Céu o cercou. Saulo caiu em terra, e ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”.

Quem és, Senhor? – perguntou o fariseu. “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar (teimar) contra os aguilhões (a missão a que Saulo estava destinado)” – respondeu o Messias ressurreto.

Saulo tremia, e perplexo tornou a perguntar: “Senhor, que queres que eu faça?” E disse-lhe Jesus: “Levanta-te, entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer”.

Os companheiros de Saulo que faziam o trajeto pela estrada com ele, pararam espantados, pois ouviram a voz, porém não viram ninguém.

Saulo levantou-se da terra, abriu os olhos, e percebeu, então, que estava cego. Os companheiros guiando-o pela mão o conduziram até Damasco. Esteve por três dias sem ver. Não comeu, nem bebeu.

Jesus apareceu em visão, a um discípulo chamado Ananias que residia em Damasco. Pediu a Ananias para dirigir-se á rua chamada Direita, na hospedaria de Judas, e que lá perguntasse sobre um homem de Tarso chamado Saulo. Ananias temeu o encontrou com o fariseu, pois conhecia a sua fama de perseguidor dos discípulos de Jesus. O Messias, em Espírito, respondeu: “Vai, porque este homem é para mim um vaso escolhido, para levar meu nome diante dos gentios, dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome”.

Ananias foi até a hospedaria, encontrou Saulo, lhe impôs as mãos, e lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e Saulo recuperou a vista. Desde, então, não havia mais o fariseu Saulo, nascera para a cristandade Paulo, o apóstolo.

 

Há quem verbalize em nome do Cristo ideias que não conferem com os seus ensinos. Entre elas está a ideia da condenação (Inferno) eterno. Sentenciar pela eternidade delitos que são temporários (enquanto dura o mal no indivíduo, por um desajuste da sua conduta) seria uma estranha contradição, numa Doutrina que prega o amor irrestrito, incondicional. O fato, é que tal condenação não encontra respaldo nas Escrituras.

A parábola da ovelha perdida é um cântico do Evangelho evocando a benevolência, a indulgência e o perdão. Lembremos que a revelação é divina, mas a interpretação é humana. E como tudo que é humano é imperfeito, limitado e falível, veremos o porquê desta transposição de uma imperfeição dos homens (a intolerância) para imiscuir-se na Boa Nova.

Como Saulo, por vezes, respiramos ameaças, crendo possuir autoridade para definir o certo e o errado, o bem e o mal. Colocamos-nos a caminho na intenção de perseguir quem ouse pensar diferente de nós. E, eis que Cristo nos busca, pessoalmente, em uma viela da existência, nos lançando ao solo, cegando a nossa cegueira de opinião, para nos devolver a gloriosa visão da vida além.  Não teimemos contra o chamado que nos conduzirá à espiritualidade de ser o que se é.

Sem máscaras, ou falsas intenções enxerguemos que somos todos ovelhas fugitivas do aprisco do Bom Pastor, que não impôs cancela para o seu redil, mas que não poupará esforços para chamar nossa consciência ao caminho de retorno. Por que se é da vontade do Pai que nenhuma ovelha se perca, a vontade do Criador prevalecerá.

Quando a escuridão visitá-lo, ocultando a alegria que detinha lembre que Deus faz o sol nascer todos os dias sobre bons e maus, justos e injustos. A misericórdia divina é infinita e estende seu Amor sobre toda a Criação – manifestação em potência da Sabedoria do Criador.

Quando o Amor cobre a multidão dos nossos erros, não há pecado sem remissão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário