domingo, 28 de abril de 2013

TEMPO DE MORATÓRIA




“(...) Então, o senhor chamando-o, disse-lhe: servo malvado, eu te perdoei toda aquela dívida, porque me pediste: não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive de ti?...”.
 (Mateus, 18; 21-35.)
 
A parábola do credor incompassivo é um chamado permanente ao perdão.
 
Um rei resolveu ajustar contas com os seus servos...
Os que mais devem são os primeiros a serem chamados.
- Paga o que me deve! – impõe o rei.
- Mas, não tenho com o que pagar! – lamenta o servo.
- Venda-se, pois, o servo, sua mulher, seus filhos e tudo o que possuí, até quitar a dívida – sentencia o rei.
O servo é atingido em suas mais caras afeições...
O servo implora paciência ao rei. O servo promete pagar o que deve.
O rei teve compaixão do servo. Perdoou-lhe a dívida, e o deixou partir.
Ah, impenitente natureza humana!  Bastou sair da presença do rei, e o servo, ao encontrar um de seus companheiros, que lhe devia certa quantia, segurou-o, o sufocou, cobrando energicamente: “Paga o que me deve!”
O conservo implorava paciência ao cobrador que não o atendeu. Mandou-o à prisão até que pagasse toda dívida.
Quão cerradas são as prisões humanas!
Cadeias sem trinco, de muros altos: sem água, alimento ou oportunidade de defesa.
Porém, o servo fora atentamente observado. Outros companheiros viram o seu procedimento para com o conservo. Sabiam que o ingrato servo fora perdoado de sua dívida, mas não tivera compaixão do seu próximo.
Os companheiros ficaram muitíssimo tristes. Como entristecemos os anjos do céu com a nossa indiferença e teimosia...
Os companheiros contaram o ocorrido ao rei. Como o servo ingrato fora duro de coração para com o conservo, lançando-o à prisão sem piedade por não pagar-lhe, de imediato, a dívida.
O rei irou-se. Deu um basta! Chamou o servo novamente a sua presença.
Novo acerto de contas...
Disse o rei: “Servo malvado, eu te perdoei toda aquela dívida, porque me pediste: não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive de ti?”
O rei entregou o servo ingrato aos seus verdugos até que pagasse tudo o que devia.
Para quem deve muito pagar tudo o que deve pode levar muito tempo.
Como outrora, o rei resolveu ajustar contas com os seus servos...
Quanto devemos ao rei?
Quantas vezes o pagamento foi adiado?
Fizemos provisão para quitar a dívida?
Talvez, não tenhamos que ouvir estas perguntas e nem respondê-las. Pode ser que a única pergunta que nos seja feita, e cuja resposta o rei já conhece seja esta:
- Perdoou o seu irmão?
Somos Pedro a perguntar a Jesus: “... quantas vezes pecará meu irmão contra mim, que lhe hei de perdoar? Será sete vezes?”
E a lógica aritmética de Jesus nos desconcerta: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”.
É tempo de moratória...
O rei ajusta suas contas com seus servos. Não pede a divisa material para repor o que fora emprestado. O rei nos pede dádivas do coração. A quitação dos sentimentos.
Se optarmos pela prisão: “Assim meu Pai Celestial vos fará, se cada um de vós do íntimo do coração não perdoar a seu irmão”.
A palavra do nosso tempo é um eco que vem da longínqua Galiléia: Perdão.
É tempo de moratória...
É tempo de reconciliação.

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