domingo, 8 de julho de 2012

DRAMA MÍSTICO DE UM DEUS DA GRÉCIA




















O misantropo tropeça nas próprias deduções
Anacrônico, permuta indagações:
a espontânea atemporalidade dos dias
Cansa-se de blasfemar em vão
Procura uma réstia, um recanto qualquer,
angustiado sorri


Sarcástico,
o misantropo delira
Vê-se no alto da colina
carregado pela bruma marítima
Expira o escárnio imposto por si
Desejando redenção martiriza-se


O misantropo reduz ao fundo
aspirações que condensam a dor
Reflete em seu rosto
o singular brilho da restauração
Liberto, compreende a imortal pulsação
Reproduz e recomeça: o entreposto

Na sina, um dia, a trilha...



NOTA DO AUTOR: 

Em seu aspecto simbólico o texto se refere ao deus grego Hermes, para os romanos Mercúrio.
 
A imagem deste personagem da mitologia está associada, entre tantas atribuições, ao de mensageiro dos deuses, patrono da eloquência e guia da alma dos mortos para o reino de Hades (planos inferiores para os gregos). É também considerado o inventor da lira, e vários autores vinculam sua imagem ao de tutelar da cultura ocidental contemporânea.
 
No texto o drama do deus grego mistura-se ao conflito interno de nós mortais: comunicar, interagir, manifestar em palavras nossa ação no mundo. Ao mesmo tempo há uma voz (interna) que pede silêncio, pausa e reflexão. Um exercício contínuo de introspecção para preservar a vida (a voz interna) que sugere estados mais elevados para a alma humana.
 
A mensagem de Hermes é o impasse de comunicar o ser onde ser não é permitido.


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