domingo, 5 de agosto de 2012

ALICE, NO SERTÃO DAS MEMÓRIAS



 
(Obra de Cândido Portinari - "Os Retirantes" - 1944)



 



"Quando eu morrer, que me enterrem
na beira do chapadão
- contente com minha terra
cansado de tanta guerra
crescido de coração
Tôo"

(João Guimarães Rosa)

 


Dorme a terra,
dorme o sol,
dorme a noite,
dorme a lua
Só,
quem não dorme é Alice

Carne crua,
a minha
a tua voz
de nós o que venha
de vós o que foi

Ela já sabe aonde vai esta estrada
novo sol de um dia que vem
E é da luz do seu suor
que nasce a esperança,
um choro de criança?

A terra rachada,
lanhadas as costas,
levantados do chão,
no sertão das memórias
deserto sem valor

Épico de poeira e carvão
de Luiz,
de José,
de João,
de Alice, ali se...

Dorme a terra,
dorme o sol,
dorme a noite,
dorme a lua
Só,
quem não dorme é Alice

Dorme Alice,
dorme ali se...
Dorme Alice,
dorme ali se...
dorme?!




NOTA DO AUTOR


A dignidade humana afrontada pela desigualdade imposta pela ação do homem. Esta é a temática central do texto acima, que descreve, em fragmentos, uma história de marginalizados, de párias sociais, assim rotulados pelo orgulho e pela vaidade dos indiferentes.

Uma sociedade que preze valores de fraternidade e solidariedade não patrocina o egoísmo como uma seletiva e predatória forma de exclusão.

A igualdade não se impõe por decreto, mas se dispõe por mérito.






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