(Obra de Cândido Portinari - "Os Retirantes" - 1944)
"Quando eu morrer, que me enterrem
na beira do chapadão
- contente com minha terra
cansado de tanta guerra
crescido de coração
Tôo"
(João Guimarães Rosa)
Dorme a terra,
dorme o sol,
dorme a noite,
dorme a lua
Só,
quem não dorme é Alice
Carne crua,
a minha
a tua voz
de nós o que venha
de vós o que foi
Ela já sabe aonde vai esta estrada
novo sol de um dia que vem
E é da luz do seu suor
que nasce a esperança,
um choro de criança?
A terra rachada,
lanhadas as costas,
levantados do chão,
no sertão das memórias
deserto sem valor
Épico de poeira e carvão
de Luiz,
de José,
de João,
de Alice, ali se...
Dorme a terra,
dorme o sol,
dorme a noite,
dorme a lua
Só,
quem não dorme é Alice
Dorme Alice,
dorme ali se...
Dorme Alice,
dorme ali se...
dorme?!
NOTA DO AUTOR
A dignidade humana afrontada pela desigualdade imposta pela ação do homem. Esta é a temática central do texto acima, que descreve, em fragmentos, uma história de marginalizados, de párias sociais, assim rotulados pelo orgulho e pela vaidade dos indiferentes.
Uma sociedade que preze valores de fraternidade e solidariedade não patrocina o egoísmo como uma seletiva e predatória forma de exclusão.
A igualdade não se impõe por decreto, mas se dispõe por mérito.
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